Não se Acostume

Certo dia levei uma jovem que mora no interior do estado de Pernambuco para ver o mar, pois ela nunca tinha visto pessoalmente, apenas em filmes e fotos. Tanto foi marcante pra ela, como também pra mim. Quando chegamos na praia de Boa Viagem que ela contemplou a imensidão do mar (ainda olhando de dentro do carro) começou a chorar. Quando descemos do carro ela simplesmente parou e fixando bem olhar em direção ao alto mar falou “como é lindo, é imenso, azul e tem cheiro”. Quando estávamos caminhando no calçadão ela disse: “posso tirar as sandálias para sentir a areia?” Eu respondi: “Sim”. Ela foi se aproximando lentamente a beira mar com um grande sorriso dizendo constantemente “como é lindo”, aos poucos ainda com medo foi colocando os pés na água do mar e ela continuou a falar: “A água é bem fria e espuma dá até para sentir a espuma nos dedos”, logo eu disse: “E tem mais a água é salgada”. Ela sorriu e ficou alguns minutos calada maravilhada que em seu semblante se percebia o quanto ela estava encantada com tudo ao seu redor. Voltamos pra casa e eu também saí maravilhado com as lições que tirei de tudo aquilo.

A agitação do dia a dia, o estresse e o ativismo que vivemos em busca de melhor qualidade financeira nos torna seres mecânicos e deixamos a sensibilidade de lado. Tempo para refletir e meditar em algo é quase impossível. Conheço pessoas tão ativistas que não tem tempo nem mesmo para ler a bíblia e o detalhe é que são líderes, precisam ensinar os fundamentos da fé, mas nem elas mesmas sabem em que são firmadas e porque são firmadas. Todo esse corre-corre ao nosso redor as vezes nos cega para certas coisas e apenas enxergamos o negativo e ruim das coisas. Nossa visão é seletiva, enxergamos o que queremos ver. Se eu colocar um relógio em seu braço e após algumas horas perguntasse: Que horas são?Seu olhar não iria para a marca do relógio e sim na hora e nos minutos.

Aprendi muita coisa com essa ida a praia. Percebi que me acostumei com o mar e não me encanto mais com ele, porque está disponível para mim e sempre tenho. Muitas vezes agimos assim também em nossa vida espiritual. A chamada do primeiro amor parece apagar com o passar do tempo, aquela fome para ler o Evangelho vai diminuindo e a sede pela oração também vai reduzindo. Mas, por que? Foi Deus que diminuiu isso em nós ou nós nos acostumamos? O fato é que está disponível para cada um de nós o desfrutar dessa graça que nos é dada dia após dia devido a esse tão grande amor de Deus.

Precisamos voltar a raiz, resgatar a essência, regressar ao primeiro amor. Necessitamos voltar ao início de tudo e ver como começamos a caminhada, depois de tudo isso descobrir em que parte do caminho eu me acomodei e parei? Só assim corrigiremos o erro e aprenderemos a valorizar o mar imenso da presença de Deus em nós através de Jesus Cristo. Buscando sempre o conhecimento prático e claro do Evangelho.

Portanto, valorizemos o Evangelho de Cristo, vamos desfrutar dele, meditando e lendo todos os dias, orando uns pelos outros, de modo que venhamos a sentir a presença de Jesus Cristo o Emanuel a cada instante do nosso dia. Assim iremos perceber o aroma de Cristo que precisamos ter o amor, a imensidão da sua bondade e a beleza da sua misericórdia. Anime-se todos os dias porque você tem o Evangelho em suas mãos e pode lê-lo, enquanto muitos queriam e quando tem essa possibilidade se encantam e ficam maravilhados ao ler um versículo. Cristo nos convida a refletirmos nele, vá agora mesmo tirar a poeira da sua bíblia e meditar, só assim de fato seguiremos a Cristo manifestando sempre o seu amor.

Nele que como o mar é imenso, mas ao mesmo tempo habita em mim.

Daniel Lima